CRIANÇA COM LIMITES, ADULTO FELIZ!
Por: Solange Matassoli Gomes
Psicóloga – CRP: 05/35480
Fone: (21) 9693-0558
Tem sido muito comum o
número de famílias que apresentam dificuldades em conduzir a educação dos
filhos e até mesmo de lidar com comportamentos difíceis relacionados à
agressividade e rebeldia. Um reflexo disso tem sido a freqüência com que
recebemos nos consultórios, pais com angústias evidentes apresentando
discursos, como: “Não sei mais o que fazer!”, “Acho que meu filho tem algum
transtorno!”, “Não é melhor dar um remedinho para ver se ele se acalma?”... E
neste momento é de vital importância que sejamos prudentes como profissionais
da saúde, fazendo uma avaliação cautelosa para não ficarmos impregnados pelo
discurso apresentado por esses pais e patologizarmos o que simplesmente pode
ser o que chamamos pelo senso comum como falta de limites.
Talvez
para esses pais que realmente têm dificuldade em assumir seus “poderes”, nomear
comportamentos inadequados como “transtorno”, seja uma forma consciente ou inconsciente
de eximir-se de suas responsabilidades.
Educar
um filho sempre foi um desafio, pois requer dos pais não apenas palavras e
conselhos, mas também exemplos práticos de vida no dia a dia, pois como você
pode exigir que seu filho se comporte de uma determinada maneira, se você que é
o modelo age de forma contrária?
Educar
requer tempo e afinco, porém atualmente parece que os pais não têm essa
disponibilidade, uma vez que os casais costumam trabalhar o dia todo e delegam
toda a responsabilidade a outros cuidadores, como creches, babás, tios e avós.
A
falta de limites tem conseqüências negativas para a criança e para o seu
desenvolvimento. Colocar limites não significa ser autoritário, mas sim ter
autoridade. Pais permissivos simplesmente “empoderam” seus filhos e perdem as
rédeas de situações que poderiam ser facilmente controladas. Quanto mais cedo
os pais colocarem limites de forma afetiva e segura, menos problemas ocorrerão
na adolescência, fase tão temida e conturbada onde os pais sentem-se muitas vezes
impotentes, devido às contestações e questionamentos próprios e característicos
da fase.
Quando
os pais impõem limites a seu filho, estão ensinando-o a aceitar regras, tolerar
frustrações e adiar satisfações, a se comportar na escola e na sociedade, despertando
valores importantes, como respeito por si e pelo próximo. É importante que a
criança aprenda a postergar, esperar e suportar um “não” eventual ou
definitivo, pois só assim poderá conhecer seus direitos e exercer seus deveres.
Existem
pais que consideram que dizer “não” para seu filho é um ato de desamor. Ledo
engano, pois freqüentemente a própria criança de forma indireta, pede este
“não” e na maioria das vezes significa: “Eu te amo. Você é importante para mim
e por isso estou te dizendo “NÃO”.
Crianças
precisam de regras claras, objetivas, coerentes, consistentes, colocadas com
segurança e na hora certa, pois acredito ser esta a “receita básica” para que
possamos colaborar para o desenvolvimento mental e emocional das crianças, que
tanto necessitam de segurança, modelos, atenção e amor.
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