domingo, 26 de agosto de 2012

A IMPORTÂNCIA DA BRINCADEIRA PARA O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

 
Kelly Cristina da S. Campos
Psicopedagoga - Fone: 8342-0924
 
 
         Brincar é algo natural e saudável, presente na infância não só de crianças, mas também, de filhotes de outros mamíferos. Quem nunca viu um gatinho saltitante correndo atrás de uma bolinha? Instintivamente os animais quando brincam, na verdade estão aprendendo comportamentos que lhes serão necessários na vida adulta. Quando o gatinho está “atacando” uma bolinha, ensaia os movimentos necessários para sua sobrevivência, quando terá que caçar sua presa.
         Com nós, humanos, a brincadeira tem função parecida – nos fornecer oportunidades adequadas para aprendermos uma série de conhecimentos que serão importantes para a obtenção de nossa saúde física e mental. Por isso, juntamente com a qualidade do sono, da alimentação e da higiene, a brincadeira é fator de análise quando se quer verificar o bem-estar de uma criança.
         Brincadeira não é só entretenimento. Entre outras coisas, ela favorece o desenvolvimento da inteligência, a aprendizagem de regras e valores, aprimora habilidades motoras, aguça a imaginação e a criatividade, proporciona o autoconhecimento, alivia tensões emocionais e favorece a socialização. O ato de brincar é tão importante que quando não é garantido à criança tempo e espaço para que ela brinque, é possível que seu desenvolvimento seja comprometido.
         Mas, porque será que brincar é tão importante? Quando a criança pequena tem oportunidades de brincar com blocos ou peças de encaixe, mesmo sem perceber, ela está aprendendo que é capaz de criar, de descobrir possibilidades, de modificar situações. Tais aprendizagens serão importantes em toda a sua vida. Quando, por exemplo, se deparar com situações desafiadoras na fase adulta, poderá ter mais facilidade para, com criatividade, encontrar soluções alternativas possíveis para superar problemas. Outro exemplo são as brincadeiras que envolvem regras – os jogos. Entre outras coisas, os jogos de tabuleiro (dominó, dama, xadrez etc.) possibilitam à criança compreender que o mundo social é regido por normas e que a convivência se torna impossível se cada pessoa fizer apenas o que quiser. Os jogos também ensinam que é importante o esforço para superar desafios, mas compreendendo que perder também faz parte da vida, cabendo a nós aprender algo positivo com as frustrações.
         Apesar de todos os benefícios, a brincadeira vem perdendo espaço para a televisão, vídeos e jogos eletrônicos. Pesquisas apontam que as crianças brasileiras estão entre as que mais assistem TV e usam a internet no mundo. Embora sejam alternativas interessantes (quando filtramos o que é oferecido à criança), a TV e o computador não substituem os estímulos de jogos e brincadeiras. Uma explicação para o aumento do número de crianças dependentes de TV e computador é que os pais estão cada vez tendo menos tempo para os filhos.
         Na correria do dia a dia, mais importante que a quantidade de tempo que os pais estão com os filhos, é a qualidade da dedicação. Quinze minutos diários para brincar com as crianças já podem ser significativos, pois quando pais e filhos brincam juntos, os laços afetivos são fortalecidos, gerando confiança e amizade. A tarefa, no entanto, é brincar com a criança e não pela criança.
         Para isso, não é necessário muito recurso. Crianças de até 1 ano se divertem principalmente quando os pais fazem cócegas, caras engraçadas, vozes diferentes, imitam animais, escondem o rosto com a fralda etc. De 1 a 5 anos, as brincadeiras com massa de modelar e as adivinhações (o que é o que é...) fazem muito sucesso. Já as crianças maiores adoram jogos como os que já foram ditos no início do nosso texto. Vale até recorrer à brincadeiras de quando os pais eram criança!
         Então, se brincar favorece o desenvolvimento, imaginem quando os pais participam das brincadeiras proporcionando momentos de afetividade. Lembremos que a futura relação entre pais e filhos está sendo alicerçada agora.
 
          E você, já brincou com o seu filho hoje?


ONDE FOI QUE EU FALHEI?

Solange Matassoli Gomes
Psicóloga - CRP/RJ 05/35480 - Fone: 9693-0558
 
   Quando geramos um filho, acreditamos que este ser tão indefeso, precisará de proteção por toda a sua vida e juramos a ele que seremos os responsáveis por essa tão incrível e difícil missão. Sem nos darmos conta, é exatamente neste momento que estamos deflagrando, ou melhor, decretando nosso sofrimento psíquico. Vejamos porque.
   Esses pequenos seres crescem, porém quando ainda pequenos, os pais decidem «o que», «como» e «quando», ou seja, eles têm plenos poderes sobre seus filhos e por eles tomam as decisões que julgam mais acertadas. Pois bem, a relação de dependência encontra-se estabelecida, uma vez que os pais são os provedores das necessidades básicas de seus filhos e estes acomodam-se de forma prazerosa, através dos papéis bem definidos, ou seja: pais mandam e filhos obedecem.
   Ainda neste período, o da infância, os pais assumem papéis de «heróis» e «heroínas» superpoderosos e insubstituíveis, servem de modelo e assumem o posto de autoridade, pois eles são os responsáveis pela educação básica para o convívio social.
   Porém, esses filhos que aceitavam tudo passivamente, sem que percebamos, crescem e de repente começam a questionar o que pensamos e atémesmo como agimos. Aí pronto! Os conflitos começam a surgir e começamos a nos indagar: «Por que ele está agindo assim? Não foi isso que eu ensinei! O que está acontecendo? Será que eu errei?».
   Não! Não foi nada disso que aconteceu. Simplesmente os pais têm dificuldade para aceitar o crescimento dos filhos, até mesmo porque, admitir que o filho cresceu equivale a reconhecer que eles estão envelhecendo, que o tempo passou. É muito difícil para o pai que acreditava ser o «eterno namoradinho» de sua filha, vê-la envolvida com outro homem que não seja ele! E a mãe?  Como admitir que seu filho esteja «apaixonado» por outra mulher, que possivelmente ocupará o seu lugar.
 Enfim, ficou claro... nossos filhos são adolescentes!
   A fase da adolescência é como se fosse uma ponte entre a infância e a idade adulta. Neste momento, eles passam a poder fazer coisas que geralmente não podiam quando eram crianças,criam responsabilidades, entram em um processo de amadurecimento e começam a expressar mais suas opiniões e seus verdadeiros sentimentos e é por isso que os conflitos e os desentendimentos começam a ocorrer. Inicia-se a fase de dúvidas, questionamentos e transformações.
   Antes, eles apenas obedeciam, porém hoje, novas posturas surgem, muitas vezes diferentes, pois a geração é outra, o mundo e as pessoas mudam e cabe a nós, enquanto pais conscientes, enxergar a educação e os conflitos familiares como algo que requer sabedoria, dedicação e amor para lidar com tão complicada tarefa.
   Os relacionamentos saudáveis não acontecem de forma mágica. Eles se constroem, alicersados no respeito mútuo e no reconhecimento que as pessoas são únicas e diferentes. São essas singularidades que os tornam especiais.
    Muitos pais querem antecipar questões aos filhos para evitar ou adiar sofrimentos futuros, mas a melhor forma para se aprender algo é vivendo! E só a vida nos ensina a VIVER!
    Considero relevante neste tipo de relacionamento, a resolução conjunta. O papel dos pais consiste em apoiar, compreender e principalmente dialogar sempre com os filhos.